Versos Escolhidos | Cinema | Arte/Imagens | Divagando | Filosofia/Literatura | Quadrinhos | Notícias/Utilidades | Vídeos
País sem história
30.5.07

O Brasileiro tem toda a sorte do mundo de nascer em um país que "se ama", pelo menos de quatro em quatro anos, e pelo visto muitos estão interessados em sua história, sem contos e fábulas, a verdade acima de tudo.

Mas será que este brasileiro quer a história sem cortes para nela se fundamentar e entender seu lugar no espaço e tempo, ou apenas uma maneira de humanizar os "heróis" da nação ao seu modo? igualar-se, entende? Muitos brasileiros são defensores de uma moral teocrática exemplar que acoberta seu caráter, e assim acreditam ser donos de uma razão moldada no período barroco. Acreditam em solidariedade, mas fecham a janela para a criança de rua, rezam para os desprivilegiados, mas passam correndo para não sentir o odor do mendigo na calçada da igreja. Me parece que procuram defeitos, e não qualidades, nas personagens que são referência, para justificar seus próprios erros, e assim deturpam a história, emergindo os erros, sufocando os acertos.

Um exemplo vulgar: a biografia não autorizada de Roberto Carlos. Respeito os fãs deste músico, mas o que precisamos saber sobre ele é que foi muito importante em tempos de regime militar, como portador da voz da esperança para os que sofriam com os maltratos do governo. Ou simplesmente distraiu a massa com seu romantismo barato, e triunfou montado numa alienação de dar inveja à Britney Spears. Pois bem, um indivíduo escreve uma biografia no séxulo XXI que contém trechos muito íntimos da vida deste cidadão, e que o mesmo não queria que fossem divulgadas, então o livro se torna um "Best-Downloaded" na internet porque milhares de leitores querem saber o que o cantor faz quando não está na missa, ou quando não está galanteando uma mulher, ou mesmo quando não está indeciso entre camisas azuis e azuis.

Faço-me valer da opinião de Voltaire à respeito da máxima de Cícero referente à história:

"Que o historiador não ouse dizer uma mentira nem esconder uma verdade."

É incontestável a primeira parte desse preceito. A segunda, é preciso examinar. Se uma verdade puder ser útil ao Estado, será condenável ocultá-la. Agora, suponhamos que escreveis a história de um príncipe que vos confiou um segredo: deveis revelá-lo? Deveis dizer à posteridade aquilo de que serieis culpado se o dissésseis até para um único homem? Deverá o dever do historiador vencer um dever maior?

Mais ainda, suponhamos que fostes testemunha de uma fraqueza que não teve influência sobre os negócios públicos - deveis revelá-la? Neste caso a história seria uma sátira.

Temos de admitir que a maioria dos escritores de anedotas é mais indiscreta do que útil. Que dizer então dos compiladores insolentes que, fazendo da maledicência mérito, imprimem e vendem escândalos como se estivessem vendendo peixe?

Marcadores:

Por Miranda às 7:32 AM  
2 Comentário(s)
  • At 6/01/2007 12:49 AM, Anonymous Anônimo said…

    Apresentaste a questão muy bien, meu velho, e concluíste melhor ainda:
    ´´Temos de admitir que a maioria dos escritores de anedotas é mais indiscreta do que útil. Que dizer então dos compiladores insolentes que, fazendo da maledicência mérito, imprimem e vendem escândalos como se estivessem vendendo peixe?´´
    Parece mesmo ser uma característica específica dos nossos tempos essa glamourização da vida privada, que acaba encobrindo o mérito real da obra ou do legado dos personagens que vão obtendo destaque...ídolos de barro, finalmente falhos, finalmente humanos...

     
  • At 6/01/2007 6:53 AM, Blogger hazzamanazz said…

    Mas a questão é: o autor incorreu em inverdades ou não?
    Esse é o ponto.

    Ah sim, existiam fatos de sua vida "privada" - que não eram privados coisíssima nenhuma, já que sairam nos jornais e Contigos da época -, mas ela fazia enorme reverência a sua obra e o que ela significou para a juventude brasileira.

    O problema todo desse embróglio, é que ficou patente que RC gostaria que por algumas coisas ele fosse lembrado, mas por outras não.
    Mas elas fazem parte da vida dele, como não mencioná-las?
    Se for assim, posso então apagar o impeachment de Collor da história e só citar a sua reeleição, certo?
    Existem coisas que não tem meio termo: ou você conta a verdade e toda ela, ou não conta nada.

    Ah, e eu não gosto de Roberto Carlos, mas que fique o exemplo de Erasmo Carlos, onde uma biografia sua será lançada, com toda a sua obra e também seus podres.
    Que ele não faz muita questão de esconder, diga-se.

    [ ]'s

     
Postar um comentário
<< Home
 
Quem Somos:


M. Marcolin


Comediante

Email:
acidoblog@yahoo.com.br

Recomendamos: Firefox
Esqueça IE.
Idiomas

Últimos
Favoritos
Agora é Rock!
Defensor Maldito


Clube da Mafalda

-=Link-me=-

Visite:
Sustentado por


Free Blogger Templates
BLOGGER

4shared.com - Free file sharing and storage

Baú
Pesquisa

Bandas
Arte

-=Sites=-

© i MIDIA Template by Isnaini Dot Com e Eu Mesmo.